COMERCIALIZAÇÃO DE OVINOS: COMO E ONDE VENDER SEUS CORDEIROS

A comercialização de cordeiros é o calcanhar de Aquiles da ovinocultura. Boa parte dos produtores tem a sensação de que não terá para quem vender ou que está vendendo o animal a um preço muito baixo.

Você também sente pouca segurança na hora de vender seus cordeiros? Sente que a qualquer momento pode não ter opção de venda?

Essa é a sensação de muitos produtores quando analisam as possibilidades de escoamento da produção porque, principalmente, tem o desafio de conseguir escala (número de animais) que viabilize o frete da carga. Com este conteúdo, queremos mostrar algumas ações que irão ajudar na venda dos cordeiros, que são o principal produto da ovinocultura de corte.

É importante lembrar que qualquer projeto, antes de iniciar, precisa ter clareza quanto ao mercado disponível porque é a partir dessa informação que o ovinocultor vai conseguir entender se a ovinocultura é viável ou não.

Os tópicos a seguir mostram os principais pontos que interferem na venda de cordeiros.

PADRONIZAÇÃO PARA COMERCIALIZAÇÃO

A padronização do lote de animais vendidos é fundamental na valorização e garantia de compra. A indústria trabalha com peças do mesmo tamanho, e já possuem as embalagens prontas e procedimentos estabelecidos com base no tamanho dos animais. Pelo lado do mercado, a formação de lotes homogêneos tem como benefício atender a demanda do público que não fica satisfeito em um dia comprar a paleta de cordeiro pesando 1,5 kg e na semana seguinte só achar com peso acima de 2 kg.

Uma maneira eficiente de garantir a padronização dos animais é trabalhar com o modelo de confinamento de cordeiros, assim os ovinos terão uma carne padronizada, com pouca variação de peso, o que facilita na comercialização dos cordeiros.

Os elementos que formam este padrão são a qualidade e a periodicidade.

QUALIDADE DOS OVINOS

Como o óbvio precisa ser dito, a qualidade do cordeiro produzido influencia diretamente no interesse dos compradores e valorização do animal. E não é porque o animal que será vendido é uma ovelha que não precisa ter qualidade. 

Cada categoria tem suas características ideais que indicam a qualidade do animal. No caso das ovelhas existe o escore de condição corporal (E.C.C.) e o peso vivo que quando são analisados juntos mostram claramente se a matriz se enquadra na qualidade da categoria.

O mercado é quem dita a qualidade do cordeiro desejado já que existe diferença na demanda entre as regiões do país, portanto, para um animal ser considerado de boa qualidade, precisa atender os requisitos da realidade local onde a ovinocultura é exercida.

A qualidade exigida em grande parte do país é por cordeiros com 42 kg de peso vivo e 5 meses de idade. Quanto mais próximo deste padrão de qualidade, maior a valorização do animal e isso se deve a precocidade do cordeiro, que está diretamente relacionada às características da carcaça produzida.

PERIODICIDADE

Conseguir organizar os manejos para que o plantel produza cordeiros periodicamente, ou seja, em intervalos pré-determinados e conhecidos, traz segurança para os compradores que cada vez mais procuram por fontes confiáveis de fornecedores.

Tem toda uma logística por trás da compra e venda de cordeiros que precisa ser bancada por alguém e para o comprador assumir tal risco, é importante que tenha certeza e confiança de que não ficará desabastecido repentinamente pela falta de animais produzidos. 

A periodicidade na entrega de animais ajuda na formação de rotas por parte dos compradores que conseguem se organizar para ter um frete que viabilize todo o trabalho envolvido.

QUAIS OS MEIOS PARA A COMERCIALIZAÇÃO DOS CORDEIROS?

Muitas vezes, é difícil para o pequeno produtor escoar a sua produção através da comercialização de cordeiros de forma independente. Por isso separamos aqui as formas mais eficazes de comercialização na ovinocultura.

• FRIGORÍFICOS

O principal ponto de escoamento da produção é via frigoríficos e isso faz com que as exigências impostas por este lado da cadeia produtiva sejam fundamentais nas estratégias usadas pelos produtores que queiram vender sua produção de maneira constante.

Fato é que pela característica da ovinocultura no Brasil, os frigoríficos tenham dificuldade em comprar cargas uniformes e constantes porque precisam comprar cordeiros de diferentes produtores para formar apenas um lote. Isso acaba sendo um ponto que prejudica os produtores porque dessa maneira acaba que a valorização do lote é baseada nos animais de menor qualidade, o que prejudica aqueles que entregam bons produtos.

Alguns estabelecimentos passaram a trabalhar com a remuneração balizada em qualidade comprovada por índices produtivos porque assim consegue estimular os produtores a melhorarem sua produção e também conseguem aumentar a oferta de bons produtos ao mercado.

Quando o frigorífico encontra um “porto seguro” de compra de cordeiros, a tendência é que a demanda só aumente e a remuneração sobre o animal se torne cada vez mais atrativa ao produtor. 

Porém isso depende de organização por parte dos produtores que, juntos, conseguem formar cargas maiores e assim unir forças para fazer melhores negociações.

• GRUPO DE PRODUTORES

Como a escala de produção é um dos principais entraves na compra e venda de cordeiros, a formação de grupo de produtores possibilita concentrar um número maior de animais produzidos dentro do mesmo período, na mesma região.

Não entenda o grupo de produtores como associações ou cooperativas porque elas estão em outro patamar de organização da cadeia produtiva. Esta estratégia funciona como a maneira mais rápida e prática de organizar a venda dos animais e começar a construir um caminho de sucesso dentro da ovinocultura. 

É preciso agir para sair do ciclo: “não produzo porque não consigo vender e não vendo porque não produzo”.

A partir desta organização, é possível criar estratégias e fazer com que os produtores participantes produzam os cordeiros periodicamente, assim criar boa relação com os compradores e buscar sempre a valorização mais justa do produto final.

• VERTICALIZAÇÃO

A verticalização da produção de cordeiros também é uma opção para resolver o desafio da comercialização dos cordeiros, nesse formato os pequenos produtores conseguem obter bons retornos financeiros.

O ponto que deve ser observado nessa possibilidade é que com a verticalização surgem outras responsabilidades que fazem parte do restante da cadeia produtiva que é o beneficiamento da carne e a comercialização. Ou seja, é um setor que exige acompanhamento e dedicação iguais àqueles que o produtor tem com o plantel.

Por outro lado, a margem sobre a venda do cordeiro pode ser maior quando comparado com a venda direta para o frigorífico e isso possibilita investimentos na verticalização.

Atualmente existe uma oportunidade para o pequeno produtor conseguir trabalhar com sua própria marca de carne, que é a concessão do SELO ARTE. Ele determina os produtos que são fabricados de maneira artesanal e obedecem a todos os requisitos de boa prática na produção de alimentos. 

Recentemente, o Ministério da Economia encaminhou orientações a todas as Secretarias de Agricultura e Pecuária municipais sobre a Concessão de SELO ARTE por meio dos órgãos de agricultura e pecuária dos municípios.

Fato sobre a comercialização de cordeiros é que a demanda existe (e é muita!) e a oferta continua abaixo do exigido. A cadeia atualmente exige do produtor que ele se profissionalize tanto na produção dos animais quanto na criação de estratégias para a venda dos cordeiros.

A carne de cordeiro é considerada produto nobre pelos consumidores e assim também deve ser, entre os ovinocultores. Organização e profissionalismo são os principais aliados do produtor na hora de vender os cordeiros.

Para garantir que todos os manejos estejam em dia, é fundamental que o controle das atividades sejam registradas, principalmente para garantir a periodicidade e a qualidade dos animais. O aplicativo OvinoPro, permite o controle integral do rebanho, mas principalmente ajudar o produtor a melhorar a qualidade dos animais produzidos, o que facilita a comercialização dos cordeiros.